A poluição marinha é um desafio global com um impacto semelhante ao das mudanças climáticas. Para além do que conseguimos enxergar na superfície, esse problema se esconde dentro das águas oceânicas. Pode não ser visível, mas uma catástrofe ambiental está sendo anunciada com o aumento do acúmulo de resíduos nos mares, especialmente, nos últimos anos. Em muitas áreas costeiras já não é possível esconder o que está assombrando os litorais: a imensa quantidade de lixo que o mar devolve para a terra.
Por que precisamos Limpar os Oceanos?
O mundo produz aproximadamente 460 milhões de toneladas de plástico todos os anos, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Infelizmente, a perspectiva é a de que esse número possa triplicar até 2060. Isso significa que estamos gerando cada vez mais desequilíbrios para a fauna e a flora marinhas, o que compromete, inclusive, a sobrevivência humana.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), que realizou um estudo em parceria com a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA), para cada tonelada de resíduo plástico descartado, até 7 quilos podem parar nos oceanos, mesmo no contexto do descarte correto. Além disso, a estimativa é de que entre 500 milhões e 900 milhões de toneladas de resíduos não sejam coletadas no mundo. Ou seja, mais objetos, fragmentos e microplásticos sem destino podem ir aos oceanos.
Anualmente, os oceanos recebem mais de 25 milhões de toneladas de resíduos, segundo o estudo da Abrelpe com a ISWA. A maior parte desse material, cerca de 80%, é de origem urbana. Esses resíduos correspondem ao lixo que não é coletado ou que é descartado incorretamente. No Brasil, 2 milhões de toneladas desses resíduos chegam aos oceanos por ano, o que equivale a 30 estádios do Maracanã totalmente cheios de lixo. Repito: por ano!
Os oceanos são responsáveis por 50% do oxigênio do planeta, segundo as Nações Unidas por meio do programa “Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável”. Sendo assim, você entende porquê a limpeza dos oceanos é uma questão de sobrevivência?
Possíveis Consequências da Poluição Marinha
A poluição dos oceanos está em um ponto crítico! As ações que tomamos agora definirão o futuro desses ecossistemas vitais. Analisando cenários futuros é possível vislumbrar a repercussão de nossas escolhas, bem como as oportunidades para recuperação e conservação dos oceanos. Se a poluição marinha continuar a aumentar no ritmo atual, os oceanos poderão enfrentar uma série de consequências devastadoras.
Perda Acelerada de Biodiversidade: Muitas espécies marinhas já estão em risco devido à poluição. Se nada for feito, podemos assistir à extinção de inúmeras espécies, especialmente aquelas que são mais sensíveis às mudanças ambientais.
Expansão das “Zonas Mortas”: Aumentos contínuos de nutrientes como nitrogênio e fósforo, provenientes de escoamento agrícola, podem levar à criação de mais “zonas mortas”, que são áreas no oceano onde os níveis de oxigênio são tão baixos que a vida marinha não consegue sobreviver.
Degradação de Recifes de Corais e Habitats: Recifes de corais, manguezais e estuários, que já estão sob grande pressão, podem enfrentar um colapso total. A destruição desses habitats reduzirá a biodiversidade e a capacidade dos oceanos de sustentar a vida marinha.
Aumento da Contaminação: A concentração de microplásticos e produtos químicos tóxicos na cadeia alimentar marinha continuará a crescer, aumentando os riscos ao bem-estar desses seres vivos. Além disso, considerando que muitas pessoas no mundo ainda se alimentam de frutos do mar, essa contaminação pode resultar em sérios problemas aos seres humanos. *Adendo: o nosso posicionamento é em prol de uma alimentação 100% vegana. Mesmo assim, a realidade do contexto oceânico é amplo e totalmente considerado.
Impacto das Mudanças Climáticas
As mudanças climáticas exacerbam os efeitos da poluição marinha e criam novos desafios para os ecossistemas oceânicos. Entre eles, podemos mencionar:
Aquecimento dos Oceanos: Temperaturas mais altas aceleram o branqueamento de corais e alteram os padrões de vida marinha, forçando espécies a migrar para águas mais frias, onde podem não sobreviver.
Acidificação dos Oceanos: A absorção de dióxido de carbono pelo oceano está aumentando a acidez da água, afetando organismos marinhos calcários, como corais e moluscos, e ameaçando a integridade das cadeias alimentares marinhas.
Aumento do Nível do Mar: O derretimento das calotas polares e geleiras está elevando o nível do mar, causando a inundação de habitats costeiros, como manguezais e zonas úmidas, que são fundamentais para muitas espécies e para a proteção contra tempestades.
Alteração das Correntes Oceânicas: As mudanças nos padrões das correntes oceânicas podem redistribuir os poluentes e afetar a distribuição de nutrientes, impactando negativamente os ecossistemas marinhos e suas populações.
As consequências já são uma realidade! É importante reforçar que estamos mencionando o que pode acontecer no futuro com base no que já está acontecendo no presente. Em muitos lugares do mundo, esses problemas já são conhecidos por ambientalistas e pelas comunidades costeiras. Precisamos nos unir para impedir que o pior aconteça. Podemos focar nas soluções e juntos proteger os oceanos do nosso planeta!
Projeções de Recuperação dos Oceanos
Apesar das ameaças, também há motivos para esperança! Várias iniciativas e ações de conservação estão em andamento pelo mundo. Quanto mais governos e pessoas tomarem conhecimento dessas possibilidades, mais iniciativas podem ser manifestadas e mais próximos de uma virada positiva estaremos. Vamos juntos!
Redução de Plásticos: Muitas nações estão implementando políticas para reduzir o uso de plásticos descartáveis e aumentar a reciclagem. A conscientização pública e a inovação em materiais biodegradáveis também são passos positivos.
Proteção de Habitats: Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) estão sendo estabelecidas e expandidas, oferecendo refúgio seguro para a vida marinha e permitindo a recuperação de ecossistemas críticos.
Inovações Tecnológicas: Projetos como The Ocean Cleanup e Seabin estão desenvolvendo tecnologias para remover detritos marinhos e mitigar a poluição existente. Essas iniciativas podem ser escaladas para limpar vastas áreas dos oceanos e apresentar novas alternativas para o uso do plástico.
Acordos Internacionais: Tratados e acordos globais focados na redução da poluição e na proteção marinha estão ganhando visibilidade, proporção e força de ação. A colaboração internacional é essencial para enfrentar um problema que não respeita limites e fronteiras. O planeta é de todos!
Educação e Conscientização: Aumentar a conscientização sobre a importância dos oceanos e os impactos da poluição pode mobilizar a ação individual e coletiva. Programas educativos e campanhas de sensibilização são fundamentais para fomentar uma cultura de preservação ambiental.
Acordos e Iniciativas Globais
A cooperação internacional é essencial para enfrentar a poluição dos oceanos, pois a maioria dos problemas ambientais afeta diferentes países e continentes. Diversos acordos e tratados globais têm sido implementados para mitigar a poluição marinha e proteger os ecossistemas oceânicos.
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM): A convenção estabelece um quadro legal para a gestão dos recursos marinhos e a proteção do meio ambiente marinho. Inclui disposições sobre a prevenção, redução e controle da poluição marinha.
Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL): Um dos principais tratados internacionais que regula a poluição por navios, cobrindo vários tipos de poluição, incluindo óleos, produtos químicos e resíduos sólidos.
Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB): Embora não seja exclusivamente focada nos oceanos, a convenção das Nações Unidas promove a conservação da biodiversidade marinha e incentiva a criação de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs).
Acordo de Paris: Embora o foco principal desse tratado internacional seja a mudança climática, a redução das emissões de gases de efeito estufa também apoia na diminuição da acidificação dos oceanos e de outras formas de poluição marinha.
Se essas ações forem mantidas e ampliadas, é possível projetar um futuro onde os oceanos estejam em estado de recuperação. Um oceano mais limpo e protegido não só beneficia a vida marinha, como também garante que as gerações futuras possam conhecer os ecossistemas dos oceanos. O caminho para a recuperação é desafiador, mas com compromisso e inovação, a mudança positiva é alcançável. Seguimos em frente com confiança!
Políticas Públicas de Proteção aos Oceanos
Muitas nações têm adotado políticas públicas para combater a poluição dos oceanos e proteger os recursos marinhos. Queremos destacar algumas ações e convidar você a compartilhar nos comentários quais outras iniciativas globais parecem interessantes e positivas. Comente e inspire mais pessoas!
Estados Unidos: A Lei da Água Limpa regula a descarga de poluentes nas águas do país, incluindo águas superficiais e subterrâneas, enquanto iniciativas como o Programa de Monitoramento de Detritos Marinhos ajudam a rastrear e reduzir o lixo nos oceanos.
União Europeia: A Diretiva-Quadro Estratégia Marinha visa alcançar um bom estado ambiental dos mares europeus, através de uma abordagem integrada de gestão dos recursos marinhos e controle da poluição.
Austrália: O Plano Reef 2050 é uma iniciativa abrangente para proteger e gerenciar a Grande Barreira de Corais, com foco na redução da poluição e na conservação do ecossistema. O programa também é conhecido como Plano de Sustentabilidade de Longo Prazo Reef 2050.
Brasil: A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece diretrizes para a gestão dos resíduos, incluindo a prevenção e redução do lixo marinho. Além da diretriz nacional, estados e municípios se empenham na elaboração e execução de projetos de proteção ambiental.
Em Fernando de Noronha, no Pernambuco, existem boas práticas em relação aos cuidados preventivos, como a proibição de plástico descartável na ilha. Na Bahia, na Praia do Forte e em Boipeba, o setor turístico se organiza para erradicar as garrafas de água descartáveis e buscar alternativas que gerem menos plástico em suas operações. Em Santa Catarina, o estado investe em ações para minimizar os riscos da poluição, principalmente através das Unidades de Conservação Estaduais, que apoiam na proteção ao ambiente costeiro e marinho.
Além desses exemplos, existem muitos mais no Brasil e no mundo. Em outras palavras, estamos no caminho certo quando decidimos agir com mais consciência e assertividade. Muitos governos locais implementam programas de limpeza costeira, educação ambiental e regulamentação das atividades marítimas para proteger os ecossistemas marinhos. Na sua cidade tem alguma iniciativa em especial? Algo que está funcionando bem? Conta para a gente nos comentários!